Como outros adolescentes gays, Maxim Moyseyev enfrentou seu problema de identidade sozinho, assustado e desinformado. Os adultos ou o ignoravam ou o repreendiam. Seus colegas de classe o insultavam. Uma nova lei proibindo que menores ouçam qualquer conversa positiva sobre homossexualidade tornou sua vida ainda mais difícil.
Maxim, moscovita de 16 anos, é um dos poucos adolescentes russos que se identificam como gay. Ele tomou essa decisão aos 13 anos, quando não tinha mais nada a perder. Sua mãe acabara de morrer. Foi espancada e afogada. Seus pais se divorciaram quando ele tinha 3 anos e sua avó o criou.
"Tinha muito medo, mas quando minha mãe morreu, eu me revelei. E não me importava quando as pessoas me ofendiam com palavras de baixo calão."
Maxim jamais se sentiu atraído por meninas. Aos 10 anos, declarou sua paixão por outro menino. O garoto riu na sua cara. "Está louco?", foi a resposta. Depois disso, Maxim guardou seus sentimentos, mas aos 12 anos seu tio comprou um computador e ele fez uma busca: "O que significa quando um menino gosta de um menino?" A busca resultou numa quantidade enorme de obscenidades, mas em meio aos comentários homofóbicos encontrou definições de gay e lésbica. "Imprimi as informações, refleti sobre o meu caso e decidi que deveria me identificar como gay. Claro que não disse nada a ninguém."
Agora ficou mais difícil e perigoso para os adolescentes obter informação. Segundo a nova lei, é proibido dizer a menores que relações sexuais "tradicionais" e "não tradicionais" são socialmente iguais. A proibição de fazer "propaganda" gay entre os menores é tão vaga que para muitas pessoas nem mesmo a palavra "homossexualidade" pode ser pronunciada diante de um menor. "A homossexualidade é uma perversão sexual antinatural e vai contra a natureza humana", disse a deputada Tatiana Yakovleva, do partido Rússia Unida. A lei é tão ampla que as pessoas entendem que ela proíbe até mesmo as paradas gays, pois um menor poderá assistir ao desfile. Professores assustados silenciam.
O presidente Vladimir Putin assinou a lei, de âmbito nacional, em 1.º de julho. Mesmo antes disso, quatro cidades aprovaram suas próprias versões. No início deste ano, Lena Klimova, jornalista de 25 anos de Yekaterinburgo, escreveu um artigo sobre o debate contestando as alegações de que a homossexualidade é uma perversão. Uma garota de 15 anos escreveu para a jornalista em março, dizendo que o artigo salvara sua vida.
Um momento pedagógico favorável? Não nesse caso. Ao dizer para suas agressoras em sala de aula se calarem, a garota foi expulsa. Quando sua mãe lhe perguntou porque havia retornado mais cedo da escola, ela começou a chorar e contou tudo sobre seu caso, que era lésbica e tinha uma namorada, Vera, havia um ano. "Então minha mãe começou a gritar comigo. Disse que todas eram normais e eu não, era uma pervertida. E me trancaria no quarto e jamais me deixaria ver Vera novamente".
FONTE: O ESTADÃO/ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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