A 1ª Marcha Nacional de Combate à Homofobia, realizada ontem em Brasília, reuniu mais de duas mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. A manifestação teve por objetivo reivindicar as principais demandas da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), principalmente no que se refere ao combate à homofobia – termo utilizado para identificar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais.
Caravanas vindas de todos os estados brasileiros estiveram na manifestação, que começou em frente à Catedral Metropolitana de Brasília. No início da Marcha, a atriz e cantora Jane di Castro entou o Hino Nacional. Entre os militantes, estavam parlamentares e representantes de movimentos sociais e sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores. Eles percorreram toda a Esplanada, guiados por um trio elétrico, e fizeram duas paradas: uma em frente ao Ministério da Saúde e outra em frente ao Ministério da Justiça.
Além de pedirem celeridade na aprovação do Projeto de Lei 122/2006, que visa combater qualquer tipo de discriminação e classifica a homofobia como crime, os militantes reivindicam também a garantia de um Estado laico, ou seja, que tolere manifestações religiosas, sem que estas interfiram nas decisões governamentais. Outras reivindicações dizem respeito ao combate ao fundamentalismo religioso e o cumprimento do Plano Nacional LGBT na sua totalidade, especialmente nas ações de Educação, Saúde, Segurança, Direitos Humanos, Trabalho e Emprego. Os manifestantes cobram, ainda, uma decisão favorável do Poder Judiciário sobre a união estável entre casais homoafetivos e a mudança de nome de pessoas transexuais.
O presidente da LGBT, Toni Reis, acredita que a manifestação deverá surtir efeitos positivos, principalmente porque 2010 é um ano de eleições no Brasil. “Temos aqui reunidas caravanas vindas de todos os estados brasileiros para cobrar dos representantes de seus estados que legislem em favor dos direitos dos homossexuais. Queremos mostrar para os homofóbicos que essa manifestação é só o começo da nossa mobilização para fazer valer os nossos direitos”, declara Reis, acrescentando que, nos últimos anos, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais têm conseguido muita visibilidade, em especial por meio das Paradas LGBT, e, segundo ressalta, isso chama a atenção de candidatos à procura de votos.
A presidente da ONG Visibilidade e do Fórum Paulista LGBT, Phâmela Godoy, deseja que o PL 122 seja aprovado o mais rápido possível, sob pena de os homossexuais continuarem sendo vítimas de discriminação e, em casos mais graves, até de assassinatos. “A não aprovação desta lei significa a negação de 78 direitos a nós garantidos pela Constituição Federal de 1988. Não podemos permitir que isso aconteça”, diz a militante. Ainda segundo Godoy, de acordo com números publicados pela imprensa, em 2009, a cada um dia e meio, um homossexual foi morto no Brasil. Neste ano, a situação já se agravou. A cada 24 horas uma pessoa é morta vítima de crime de homofobia, segundo a representante da ONG.