sábado, 18 de abril de 2009
(EXCLUSIVO)LETÍCYA LAYSER ABRE O JOGO.
LETÍCYA LAYSER: Em primeiro lugar quero dizer da minha satisfação de estar dando esta entrevista a este site muito legal e que já conheço há bastante tempo. A Letícya foi uma experiência maravilhosa na minha vida, dentre muitas coisas que passei, ela surgiu a cinco anos através de comentários de amigos que sempre me falavam que eu ficaria bem de “mulher” aí me maquiei e gostei, me diverti muito indo as boates nos finais de semana me vestindo como mulher, com o tempo vieram os concursos como o Transformista do ano e Novos talentos nos quais fiquei em segundo lugar.
BELEZA: Isso para mim é muito relativo, pois vem uma pessoa e fala que você é linda e outra já não concorda, acho que a verdadeira beleza está na personalidade da pessoa, independente da maquiagem, peruca e da feminilidade. O que realmente importa é o que se tem por dentro, as vezes a pessoa nem fica tão bem de transformista e quando você passa a conhecer descobre que é um pessoa linda.
DIVINE: É o começo de tudo, um local que abriu as portas para muitos e que continua abrindo. O que sinto por esta boate nem sei como explicar, amo essa casa e vou sempre me dedicar a ela independente de estar fazendo sucesso ou não.
INSPIRAÇÃO: Na época em que comecei a me “montar” eu assistia as apresentações que aconteciam na casa (boate Divine) e essa artista sempre chamou a minha atenção por suas performances, pois víamos que ela “dava” a alma e gostava do que fazia, muito embora eu não tenha tido muito contato com ela essa artista foi a Carlos Colares e achei nele um exemplo a ser seguido.
LORRANA LAYSER: Ai Lorrana Layser. (risos) O que falar da minha filha? Na realidade nem a tenho como uma filha, pois filho nasce de dentro da gente e ela não nasceu de mim e é uma amiga que tenho como irmã e o sobrenome Layser não e meu, ele é nosso.
SHARLESIE DHYAS: Agora posso falar que ela nasceu de mim. É o amor da minha vida, (Marcelo) e conheci como uma pessoa comum e transformei ele na pessoa que eu queria ser. Amo de paixão e nunca vou esquecê-lo.
GAROTA G: Para mim sempre foi muito bom, pois foi uma porta que se abriu e me fez ficar conhecida no mundo gay. Já participei três vezes, na primeira fui eleita Miss simpatia , no outro ano só a experiência de estar lá em cima e em 2008 eu esperava o título mais ele não veio apesar da aclamação do público, que foi muito gratificante. Não pretendo nunca desistir de desfilar, até porque hoje encaro isso como uma experiência que contará como aprendizado em minha vida independente de ganhar a faixa ou não. O que é um acessório quando o que vale mesmo é o reconhecimento do público?
MISS GAY CEARÁ: Passei a conhecer faz pouco tempo, apesar de toda a tradição do concurso e de meus cinco anos de “montagem” nunca tinha ido ao Miss gay Ceará a primeira vez foi no ano da Adma Shiva e em 2008 quando a Sharlesie concorreu, gostei muito da organização e pretendo estar lá este ano concorrendo.
YASMIN HILTON: A Yasmin sabe o que penso sobre ela, sempre nos demos muito bem, sempre fomos amigas. Se o povo fala? Falam de Marayah Keron e Witney Houston também.(risos) Somos grandes amigas basta olhar como nos tratamos.
DA IMPORTANCIA DOS CONCURSOS: Eles nos dão a oportunidade de ter o nosso espaço, porque é obvio que não podemos participar de um concurso para homens ou mulheres. Acho interessante também porque ali você começa a descobrir o talento de cada artista, divulga o trabalho deles e melhora a auto-estima por estar ali mostrando o que sabe fazer.
Vale resaltar que para mim o concurso tem que ser digno, não no fato de ser em local luxuoso e ter um belo palco, porque isso vem com o tempo e sim ter um grupo de jurados que possa levar a decisão sem máfia e sem tender para qualquer candidata, pois são essas coisas que acabam com a credibilidade de qualquer concurso.
SER A FAVORITA SEMPRE: É muito difícil falar sobre isso porque eu criei este favoritismo com o público graças as minhas apresentações que eu já realizava nas boates e devido ao fato de ser comunicativa acabei ficando muito popular. Em alguns concursos este favoritismo que você fala me prejudica de tal forma que meus inimigos eventualmente fazem parte da organização ou do júri. Mas é maravilhoso subir no palco sabendo que o público está esperando por você isso te faz ter mais segurança e eu gosto muito, me sinto em casa quando subo num palco e as pessoas me glorificam gritando meu nome.
HAVERÁ OUTROS CONCURSOS: Apesar de esperar no Garota G por um resultado que não veio, independente disso ganhei muita experiência e em momento algum pensei em deixar de participar de outros concursos.
À VOLTA AOS PALCOS: Apesar de minha vida ainda estar um pouco conturbada vou fazer um show lindo como o público merece, a minha volta tem que ser uma coisa marcante, até porque se eu não estivesse aqui hoje não tenho idéia de quando voltaria a pisar no palco da Divine outra vez. Prometo um espetáculo muito bonito e teremos surpresas.
SÃO PAULO: Eu falava que nunca iria me “montar” e acabei me "montando”, conheci muitas pessoas que viraram travestis, colocaram peito e tudo. Sempre colocaram na minha cabeça que eu iria ficar linda e isso me despertou a vontade de virar travestir, daí fui ouvindo vários depoimentos de amigas que foram embora para a Europa ou São Paulo e elas sempre contavam muita vantagem, que era muito fácil colocar um silicone e que com a minha beleza eu iria conseguir as coisas ainda mais fácil que elas e acreditando nisso através de uma delas que mora lá fui. O melhor de tudo é que não fui dependendo de ninguém, fui completamente as minhas custas, pra ver como era lá. Não gostei pois percebi que é muito difícil conseguir alguma coisa lá. Muito mais difícil do que aqui. (Frisa). Certo que quando você tem um sonho deve lutar por ele independente do sofrimento. Mas no meu caso a realidade é que não me dei bem, não gostei, achei que aquela vida não era para mim. Tiro o chapéu para as que suportam tudo o que passam por lá. Só fico revoltada com o fato de muitas voltarem de lá dando close e contando vantagens e que coisas que todo mundo sabe que não é verdade. Algumas se dão bem mas no meu caso eu acho que aquilo lá não é o meu lugar.
UMA OUTRA REALIDADE: Lá a realidade é completamente diferente, pra começar aqui eu estou em casa. Então todo esse glamour que elas chegam contando e essa alegria que esbanjam aqui, talvez seja a alegria que elas perderam lá e só aqui elas podem sentir outra vez. È muito fácil falar que lá você vai conseguir fazer uma plástica, que vai conseguir dinheiro pra trazer para o Ceará e comprar casa e carro, mas a realidade elas não contam, até porque quem é que gosta de falar de seus sofrimentos? Nem eu tenho coragem de falar tudo o que passei para estar aqui de volta. Mas sinceramente devemos sempre recebe-las com o glamour e o carinho que elas merecem por que é só aqui que elas tem.
A VIDA EM SÃO PAULO: A vida lá não é muito diferente daqui, muitas falam que lá é um sofrimento e pra conseguir seu objetivo é preciso passar por muita humilhação. Isso eu não posso dizer, até porque não deu tempo para vivenciar tudo isso. Fui pra casa de uma cafetina, fiquei lá durante quatro dias, pra saber se realmente era aquilo que eu queria pra mim e ao sair de lá não fiquei devendo a ninguém. A moradia é legal, fui muito bem recebida pelas outras bichas que moram na casa, elas foram muito gentis a cafetina me tratou muito bem. A alimentação era até melhor do que na minha casa, já que lá tínhamos hora para comer e na minha casa não. O que tenho a dizer é que não me adaptei a vida lá, entendeu? Não me adaptei ao fato de ter que me prostituir pra conseguir alguma coisa. Pra muitas pode ser bom, mas dinheiro “fácil” eu consigo aqui também com a minha profissão. Agora quero deixar claro que não discrimino o fato delas estarem lá fazendo prostituição, pois muitas estão por não terem outra opção na vida. O fato de eu ter desistido não faz de mim uma fraca. Tenho uma profissão e decidi valoriza-la ao invés de me prostituir.
PROSTITUIÇÃO: Na realidade fui pra isso, porque era a única forma de conseguir o que queria, mas o que me fez voltar de lá não foi o fato de eu não estar dando “axé” como elas falam na rua. Eu fiz o mesmo caminho de todas, chegava em casa com o meu dinheiro mas não é o fato da “riqueza” graças a minha beleza, pois não era apenas dinheiro o que eu queria. Se tivesse ficado, talvez daqui a dois anos poderia estar dando esta entrevista, com peito de “500”, várias plásticas e estar com meu carro estacionado ali em frente deste restaurante. (A entrevista foi realizada em um restaurante na Av. Bezerra de Menezes.) Só que não era só isso o que eu queria, porque se é isso o que você quer você pode conseguir aqui também, até com menos sofrimento por você estar na sua terra. A minha profissão (Letícia é cabeleireira e maquiadora) não vai me deixar desistir do que eu quero, porque tudo isso não quer dizer que desistir de ser uma travestir e quando eu resolver ir atrás todos vão saber. O que me fez voltar não foi ter que me prostituir, voltei pelo fato de não ter gostado da forma de vida lá e por achar que aqui é o meu lugar.
SILICONE INDUSTRIAL: Quando falo isso falo dos dois tipos, pois para colocar silicone na parte de baixo do corpo, não tem como ser o correto que é indicado pelos cirurgiões, pois não fica legal. Quanto a ter complicações isso varia de uma pessoa para a outra independente do silicone ser industrial ou não.
IR JUNTO COM O COMPANHEIRO: Isso foi muito difícil pois ele (Marcelo) não é só o meu namorado é meu amigo,meu irmão, minha mãe e meu pai. É uma pessoa especial pois se fosse outro não teria nem ido comigo, teria me deixado sozinho, por isso dou graças a ele por eu estar de volta afinal ele me ajudou muito nessa minha decisão. Como eu lhe falei fomos juntos na intenção de conseguir tudo muito fácil como elas dizem conseguir. Tínhamos um salão de beleza juntos e sempre vivemos muito bem, mas achava que lá tudo seria mais fácil. Sentamos e decidimos que iríamos passar um tempo lá para juntar um bom dinheiro e refazer tudo de novo de melhor. Entre nos não mudou nada, muito pelo contrario passamos a nos amar muito mais e confiar muito mais um no outro. Afinal tomamos juntos a decisão de voltar e reconstruir a nossa vida.
RECOMEÇO: Não tenho vergonha de dizer que estou recomeçando. Teria vergonha de ficar lá devendo e só podendo voltar após dois anos, por não ter condições pra isso. Sei que muitas queriam poder fazer o que eu fiz, mas não o fazem porque tem vergonha de voltar atrás e medo das criticas, muitas também não voltam porque não podem.
FRAQUEZA: Muitas estão dizendo que sou uma bicha fraca, por ter desistido rápido. Elas perguntam, porque você não ficou por mais uns meses ou um ano? Só que se eu tivesse ficado por mais duas semanas, seria o bastante para que eu não tivesse mais a oportunidade de voltar, pois estaria endividada com a cafetina.
A CORAGEM DE VOLTAR: As duas decisões foram muito difíceis, mas a pior mesmo foi a de voltar, porque eu não sabia o que me esperava aqui. A única certeza é que muitas iriam falar mal de mim, como estão falando. Mas falam até da Madonna...(risos). Sempre soube que a decisão de voltar era muito mais difícil do que a de ter ido. Muitas disseram: “Tu vai voltar para aquele Ceará pra sofrer.” Pra viajar tive que abrir mão de muita coisa, da minha casa, do meu salão, mas é como sempre falo para quem me critica, eu não tenho vergonha de recomeçar, tenho uma profissão, gosto dela e ela pode me levar aonde eu quiser. Me perguntaram como eu ia viver? Ora o que eu vendi foi o salão e não os meus braços. Então vergonha de recomeçar é uma coisa que eu não tenho.
QUEM NÃO PODE VOLTAR: Encontrei muitas artistas que são famosas aqui em Fortaleza e que agora apesar de poderem voltar, não querem. Mas muitas gostariam de voltar e não podem. Conheço muitas que foram junto comigo e que ficaram lá por não poderem fazer o que fiz e voltar. Ficaram devendo e este é o preço de terem feito essa escolha. Um preço que também estou pagando, mas aqui na minha terra reconstruindo a minha vida.
A SOLIDÃO E O PRECONCEITO: O preconceito lá é bem maior, somos muito maltratadas em bares e lanchonetes, todos já te olham de “cara torta”.
AMIGOS:Lá é cada um por si, saímos daqui em um grupo de amigos, com a ilusão de que nossa amizade nos protegeria das dificuldades. Mas lá isso mudou, saí daqui com melhores amigos e cheguei lá com estranhos. Parecia que tínhamos acabado de nos conhecer. Você tem que pagar uma diária pra morar na casa e se tu foi pra rua e não conseguiu nada ninguém vai te ajudar. Lá em São Paulo é cada um por si.
QUANDO ELAS VOLTAREM: Vão encontrar uma Letícya mais madura, muito mais inteligente e “perigosa” como elas gostam.
ARREPENDIMENTO: Eu não me arrependo de nada do que fiz na minha vida.
AQUELAS QUE QUEREM IR: Agora eu sou suspeita para falar sobre isso e talvez nem todas entendam o meu ponto de vista. Quando resolvi ir para São Paulo, tinha consciência de tudo o que me esperava lá, só não queria acreditar. Não adianta falar para as que estão começando agora pra não se iludir porque isso jamais vai entrar na cabeça delas. Estão decididas a colocar silicone e virar travestir, tudo bem, mas aconselho a pensar bastante e se realmente é isso que você quer se informe sobre tudo e aproveite tudo o que você tem direito aqui antes de tomar a decisão.
VOLTAR PARA SÃO PAULO: Não vou abrir a minha boca pra dizer que nunca vou me prostituir e que nunca vou voltar a São Paulo e depois tentar ir para a Itália, pois não sei o dia de amanhã, mas voltei para aproveitar a minha época de transformista. É pra isso que estou aqui, se um dia mudar minha cabeça e resolver voltar para lá irei com a certeza de ter aproveitado a melhor época da minha vida.
ANTES E DEPOIS: Com certeza existe uma Letícia antes e depois disso tudo. Antes eu dava muita importância ao que os outros falavam de mim, dava exagerada importância à conquista de um título e hoje estar em cima de uma passarela “e vou estar em muitas este ano” independente da faixa, vai me dar a certeza de dever cumprido e vou saber disso através da manifestação do meu público. Não esperem por confusão, pois isso não vai acontecer.
A MÍDIA LGBT: A mídia é muito importante quando abre espaço para que mostremos nosso trabalho e expressemos nossas idéias.
UM RECADO: Quero mandar beijos para todos os meus amigos. Todos aqueles que me adoram e aos que me odeiam dois beijos. Aproveito pra dizer que adoro o meu Ceará, pois foi aqui que nasci e aonde vou morrer!
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Dossiê da violência
ASSASSINATO HOMOSSEXUAIS NO BRASIL: 2008
Relatório anual do Grupo Gay da Bahia
190 homossexuais assassinados no Brasil em 2008, um a cada dois dias. Aumento de 55% em relação ao ano anterior. 64% gays, 32% travestis, 4% lésbicas. O risco de uma travesti ser assassinada é 259 vezes maior que um gay. Pernambuco voltou a ser o estado mais violento, 27 assassinatos e o Nordeste a região mais perigosa: um gay nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sudeste/Sul. 13% das vítimas tinham menos de 21 anos. Predominam entre as vítimas as travestis profissionais do sexo, cabeleireiros, professores, ambulantes. Gays são mais assassinados dentro de casa a facadas ou estrangulados, enquanto travestis são executadas na rua a tiros. Quanto aos assassinos, 80% são desconhecidos, predominando garotos de programa, vigilantes noturnos, 65% menores de 21 anos. O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, 190 homicídios em 2008, seguido do México com 35 e Estados Unidos com 25.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) alem de disponibilizar o manual “Gay vivo não dorme com o inimigo” como estratégia para erradicar os crimes homofóbicos”, ameaça: se a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidencia da República não implementar as deliberações do Programa Brasil Sem Homofobia e da 1ª Conferencia Nacional GLBT, será enviado denúncia contra o Governo Brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU), pelo crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais. O GGB reivindica a divulgação de outdoors em todos os Estados com mensagem contra assassinato de homossexuais.
Em 2008 foram documentados o assassinato de 190 homossexuais no Brasil, 55% a mais do que no ano anterior (122). Um assassinato a cada dois dias. Enquanto em 2007 documentou-se uma morte a cada três dias, agora estes crimes ocorrem dia sim, dia não. O número verdadeiro deve ser muito maior, pois estes dados baseiam-se em notícias de jornal e internet, já que não existem estatísticas governamentais sobre crimes de ódio no Brasil. Este Relatório de Assassinatos de Homossexuais no Brasil - 2008, embora certamente incompleto e lacunoso, é o principal documento mundial sobre crimes homofóbicos, seus dados são creditados e citados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos e pelo Departamento de Estado dos EUA.
O Relatório Anual é realizado desde 1980 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, a mais antiga ONG de defesa de direitos humanos dos homossexuais na América Latina. De 1980 a 2008 foram documentados 2998 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (1168 casos) a partir de 2000. “Este ano a violência homofóbica está ainda mais preocupante, informa o Prof.Luiz Mott, responsável pela coleta de dados: enquanto no México são assassinados em média 35 homossexuais por ano, 25 nos Estados Unidos (com 100 milhões de habitantes a mais), 15 no Peru, 4 na Argentina, nenhum homicídio homofóbico no Chile no ano passado, no Brasil anualmente são assassinados mais de uma centena! Um verdadeiro HOMOCAUSTO! ”
Apesar do aumento das paradas gays, da eleição de cinco vereadores assumidamente homossexuais ou transexuais, e do governo Lula ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia, a violência anti-homossexual vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no Nordeste: Pernambuco voltou a ser o estado mais violento contra homossexuais, com 27 assassinatos, seguido da Bahia com 25, São Paulo com 18, Rio de Janeiro com 12. Sergipe é o estado que ofereceu maior risco de morte para travestis e gays em termos relativos, pois contando com aproximadamente 2 milhões de habitantes, registrou 11 homicídios, enquanto Minas Gerais, dez vezes mais populoso (20 milhões), teve 8 gays assassinados. O Nordeste confirma ser a região mais homofóbica: abriga 30% da população brasileira e registrou 48% dos GLBT assassinados. A região Norte contou com 10% dos homicídios, seguida do Centro-Oeste com 14% e o Sudeste/Sul com 28%. O risco de um homossexual nordestino ser a próxima vítima é 84% mais elevado do que no sul/sudeste!
Em 2008, os gays representaram 64% das vítimas, 32% travestis e 4% lésbicas. Proporcionalmente, as “trans” representam a categoria mais vulnerável, pois enquanto os gays e lésbicas devem representar mais de 20 milhões de brasileiros, as transexuais e travestis, segundo cálculos de suas próprias associações, representam por volta de 30 mil indivíduos, o que vale dizer que as travestis correm 259 vezes mais risco de morrer vítima de uma arma de fogo do que os gays. Embora o número de lésbicas assassinadas seja sempre muitíssimo inferior ao dos homossexuais masculinos, sofrendo contudo maior violência física e constrangimento moral dentro de casa, os homicídios de lésbicas praticamente dobraram de 4 mortes em 2007, para 7 em 2008.
Quando a idade das vítimas, o mais jovem tinha 14 anos, Jonas, um estudante gay da zona da mata de Pernambuco, morto a facadas pelos vizinhos. 5% das vítimas tinham menos de 18 anos. O mais idoso, um aposentado de 74 anos, morador na periferia de Natal, foi asfixiado por dois adolescentes. 63% das vítimas estavam na flor da idade, entre 18-39 anos.
Entre as vítimas há gays pertencentes a todos os setores profissionais, de gari a empresário. As profissões mais vulneráveis a estes crimes de ódio são: travestis profissionais do sexo, cabeleireiros, professsores, vendedores e comerciantes, profissionais liberais: dentistas, médicos, engenheiros, advogados. 92% das travestis assassinadas eram profissionais do sexo. Tal predominância se explica devido à prática da prostituição nas ruas e estradas, zonas muito freqüentadas por marginais e traficantes.
O cenário dos crimes contra homossexuais indica que os gays em sua maioria (45%) são assassinados dentro da residência, 31% vítimas de facadas, mas também estrangulados e espancados. Em Goiânia, o vendedor Clovis Mauro, 46 anos, foi morto com mais 30 facadas no peito e pescoço. “Típico crime homofóbico, diz o Presidente da Associação GLBT de Goiás, Leo Mendes, pois a quantidade de golpes revela todo o ódio que o criminoso tinha contra a homossexualidade”.
O assassinato de travestis e transexuais revela modus operandi diverso: 60% das “trans” foram vitimas de arma de fogo, 80% executadas na pista ou em espaços públicos. Requintes de crueldade e tortura prévia fazem parte da maioria destes crimes, incluindo execuções por afogamento, garrafada, degolamento, introdução de madeira no ânus, esquartejamento.
Quanto aos assassinos, chama a atenção que 80% destes crimes tem “autor desconhecido”, ou por terem sido praticados altas horas da noite, em locais ermos, ou pela omissão das testemunhas, que devido ao preconceito anti-homossexual, não querem se envolver com vítimas tão desprezíveis. Metade destes criminosos praticaram latrocínio, roubando eletros-domésticos e o carro da vítima. Também chocante é predominância de assassinos bastante jovens: 65% dos homicidas de gays e travestis tinham menos de 21 anos, o mais jovem apenas com 13 anos, geralmente agindo em grupo. Dos 20% de criminosos identificados, menos de 10% chegam a ser detidos e julgados, e mesmos estes, alegando legítima defesa da honra, são beneficiados com penas leves ou injustamente absolvidos. Entre os assassinos de GLTB em 2008 predominaram os garotos de programa, vigilantes, pedreiros.
Para o Presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, “há solução contra os crimes homofóbicos: ensinar à população a respeitar os direitos humanos dos homossexuais, exigir que a Polícia e Justiça punam com toda severidade a homofobia e sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais.” O GGB disponibiliza em seu site [www.ggb.org.br] o texto “GAY VIVO NÃO DORME COM O INIMIGO”, ensinando como evitar ser a próxima vítima.
O fundador do GGB, Prof.Luiz Mott, 63, Decano do Movimento Homossexual Brasileiro, quer soluções imediatas dos crimes contra homossexuais, denunciando a execução de 13 gays em Carapicuíba, na região metropolitana de S.Paulo, nos últimos 14 meses, crimes hediondos que foram escondidos pela Secretaria de Segurança Pública e Polícia Civil de S.Paulo, até hoje sem prisão dos homicidas. O Prof. Mott indica: “se a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidencia da República e Ministério da Justiça não implementarem as deliberações do Programa Brasil Sem Homofobia e da 1ª Conferencia Nacional GLBT, será enviada denúncia contra o Governo Brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU), por prevaricação e crime de lesa humanidade contra os homossexuais.” Como primeira medida de impacto, o GGB reivindica que o Governo distribua out-doors em todas capitais e principais cidades de todo Brasil, com mensagens destinadas a erradicar o assassinato de homossexuais.
IMAGENS DA VIOLÊNCIA!
Conforme denuncia do Grupo Gay de Alagoas um dos casos que é exemplo da homofobia é o do assassinato de Flávio dos Santos Vilela, 19 em 14 de junho de 2006, no Jacintinho. Os assassinos apedrejaram e esfaquearam a vítima, que teve o corpo arrastado e jogado em uma vala, onde havia lixo e esgoto.(foto)
Em 15 de Julho de 2008 em João Pessoa na Paraiba o advogado Felizardo Toscano Leite Ferreira, 40 anos, que foi encontrado morto em seu apartamento no Edifico Aruanã, no bairro do Bessa era homossexual, segundo informou alguns vizinhos da vitima. Em pouco mais de um mês Felizardo foi o terceiro homossexual morto em circunstâncias parecidas naquele Estado.
Em 3 de abril de 2008 o homossexual de nome Daniel, 35 anos foi morto a golpes de tijolo em um terreno localizado próximo ao Residencial Divaldo Suruagy, no bairro do Farol em Alagoas.
Relatório anual do Grupo Gay da Bahia
190 homossexuais assassinados no Brasil em 2008, um a cada dois dias. Aumento de 55% em relação ao ano anterior. 64% gays, 32% travestis, 4% lésbicas. O risco de uma travesti ser assassinada é 259 vezes maior que um gay. Pernambuco voltou a ser o estado mais violento, 27 assassinatos e o Nordeste a região mais perigosa: um gay nordestino corre 84% mais risco de ser assassinado do que no Sudeste/Sul. 13% das vítimas tinham menos de 21 anos. Predominam entre as vítimas as travestis profissionais do sexo, cabeleireiros, professores, ambulantes. Gays são mais assassinados dentro de casa a facadas ou estrangulados, enquanto travestis são executadas na rua a tiros. Quanto aos assassinos, 80% são desconhecidos, predominando garotos de programa, vigilantes noturnos, 65% menores de 21 anos. O Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos, 190 homicídios em 2008, seguido do México com 35 e Estados Unidos com 25.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) alem de disponibilizar o manual “Gay vivo não dorme com o inimigo” como estratégia para erradicar os crimes homofóbicos”, ameaça: se a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidencia da República não implementar as deliberações do Programa Brasil Sem Homofobia e da 1ª Conferencia Nacional GLBT, será enviado denúncia contra o Governo Brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU), pelo crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais. O GGB reivindica a divulgação de outdoors em todos os Estados com mensagem contra assassinato de homossexuais.
Em 2008 foram documentados o assassinato de 190 homossexuais no Brasil, 55% a mais do que no ano anterior (122). Um assassinato a cada dois dias. Enquanto em 2007 documentou-se uma morte a cada três dias, agora estes crimes ocorrem dia sim, dia não. O número verdadeiro deve ser muito maior, pois estes dados baseiam-se em notícias de jornal e internet, já que não existem estatísticas governamentais sobre crimes de ódio no Brasil. Este Relatório de Assassinatos de Homossexuais no Brasil - 2008, embora certamente incompleto e lacunoso, é o principal documento mundial sobre crimes homofóbicos, seus dados são creditados e citados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos e pelo Departamento de Estado dos EUA.
O Relatório Anual é realizado desde 1980 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, a mais antiga ONG de defesa de direitos humanos dos homossexuais na América Latina. De 1980 a 2008 foram documentados 2998 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, concentrando-se 18% na década de 80, 45% nos anos 90 e 35% (1168 casos) a partir de 2000. “Este ano a violência homofóbica está ainda mais preocupante, informa o Prof.Luiz Mott, responsável pela coleta de dados: enquanto no México são assassinados em média 35 homossexuais por ano, 25 nos Estados Unidos (com 100 milhões de habitantes a mais), 15 no Peru, 4 na Argentina, nenhum homicídio homofóbico no Chile no ano passado, no Brasil anualmente são assassinados mais de uma centena! Um verdadeiro HOMOCAUSTO! ”
Apesar do aumento das paradas gays, da eleição de cinco vereadores assumidamente homossexuais ou transexuais, e do governo Lula ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia, a violência anti-homossexual vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no Nordeste: Pernambuco voltou a ser o estado mais violento contra homossexuais, com 27 assassinatos, seguido da Bahia com 25, São Paulo com 18, Rio de Janeiro com 12. Sergipe é o estado que ofereceu maior risco de morte para travestis e gays em termos relativos, pois contando com aproximadamente 2 milhões de habitantes, registrou 11 homicídios, enquanto Minas Gerais, dez vezes mais populoso (20 milhões), teve 8 gays assassinados. O Nordeste confirma ser a região mais homofóbica: abriga 30% da população brasileira e registrou 48% dos GLBT assassinados. A região Norte contou com 10% dos homicídios, seguida do Centro-Oeste com 14% e o Sudeste/Sul com 28%. O risco de um homossexual nordestino ser a próxima vítima é 84% mais elevado do que no sul/sudeste!
Em 2008, os gays representaram 64% das vítimas, 32% travestis e 4% lésbicas. Proporcionalmente, as “trans” representam a categoria mais vulnerável, pois enquanto os gays e lésbicas devem representar mais de 20 milhões de brasileiros, as transexuais e travestis, segundo cálculos de suas próprias associações, representam por volta de 30 mil indivíduos, o que vale dizer que as travestis correm 259 vezes mais risco de morrer vítima de uma arma de fogo do que os gays. Embora o número de lésbicas assassinadas seja sempre muitíssimo inferior ao dos homossexuais masculinos, sofrendo contudo maior violência física e constrangimento moral dentro de casa, os homicídios de lésbicas praticamente dobraram de 4 mortes em 2007, para 7 em 2008.
Quando a idade das vítimas, o mais jovem tinha 14 anos, Jonas, um estudante gay da zona da mata de Pernambuco, morto a facadas pelos vizinhos. 5% das vítimas tinham menos de 18 anos. O mais idoso, um aposentado de 74 anos, morador na periferia de Natal, foi asfixiado por dois adolescentes. 63% das vítimas estavam na flor da idade, entre 18-39 anos.
Entre as vítimas há gays pertencentes a todos os setores profissionais, de gari a empresário. As profissões mais vulneráveis a estes crimes de ódio são: travestis profissionais do sexo, cabeleireiros, professsores, vendedores e comerciantes, profissionais liberais: dentistas, médicos, engenheiros, advogados. 92% das travestis assassinadas eram profissionais do sexo. Tal predominância se explica devido à prática da prostituição nas ruas e estradas, zonas muito freqüentadas por marginais e traficantes.
O cenário dos crimes contra homossexuais indica que os gays em sua maioria (45%) são assassinados dentro da residência, 31% vítimas de facadas, mas também estrangulados e espancados. Em Goiânia, o vendedor Clovis Mauro, 46 anos, foi morto com mais 30 facadas no peito e pescoço. “Típico crime homofóbico, diz o Presidente da Associação GLBT de Goiás, Leo Mendes, pois a quantidade de golpes revela todo o ódio que o criminoso tinha contra a homossexualidade”.
O assassinato de travestis e transexuais revela modus operandi diverso: 60% das “trans” foram vitimas de arma de fogo, 80% executadas na pista ou em espaços públicos. Requintes de crueldade e tortura prévia fazem parte da maioria destes crimes, incluindo execuções por afogamento, garrafada, degolamento, introdução de madeira no ânus, esquartejamento.
Quanto aos assassinos, chama a atenção que 80% destes crimes tem “autor desconhecido”, ou por terem sido praticados altas horas da noite, em locais ermos, ou pela omissão das testemunhas, que devido ao preconceito anti-homossexual, não querem se envolver com vítimas tão desprezíveis. Metade destes criminosos praticaram latrocínio, roubando eletros-domésticos e o carro da vítima. Também chocante é predominância de assassinos bastante jovens: 65% dos homicidas de gays e travestis tinham menos de 21 anos, o mais jovem apenas com 13 anos, geralmente agindo em grupo. Dos 20% de criminosos identificados, menos de 10% chegam a ser detidos e julgados, e mesmos estes, alegando legítima defesa da honra, são beneficiados com penas leves ou injustamente absolvidos. Entre os assassinos de GLTB em 2008 predominaram os garotos de programa, vigilantes, pedreiros.
Para o Presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, “há solução contra os crimes homofóbicos: ensinar à população a respeitar os direitos humanos dos homossexuais, exigir que a Polícia e Justiça punam com toda severidade a homofobia e sobretudo, que os próprios gays e travestis evitem situações de risco, não levando desconhecidos para casa, evitando transar com marginais.” O GGB disponibiliza em seu site [www.ggb.org.br] o texto “GAY VIVO NÃO DORME COM O INIMIGO”, ensinando como evitar ser a próxima vítima.
O fundador do GGB, Prof.Luiz Mott, 63, Decano do Movimento Homossexual Brasileiro, quer soluções imediatas dos crimes contra homossexuais, denunciando a execução de 13 gays em Carapicuíba, na região metropolitana de S.Paulo, nos últimos 14 meses, crimes hediondos que foram escondidos pela Secretaria de Segurança Pública e Polícia Civil de S.Paulo, até hoje sem prisão dos homicidas. O Prof. Mott indica: “se a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidencia da República e Ministério da Justiça não implementarem as deliberações do Programa Brasil Sem Homofobia e da 1ª Conferencia Nacional GLBT, será enviada denúncia contra o Governo Brasileiro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU), por prevaricação e crime de lesa humanidade contra os homossexuais.” Como primeira medida de impacto, o GGB reivindica que o Governo distribua out-doors em todas capitais e principais cidades de todo Brasil, com mensagens destinadas a erradicar o assassinato de homossexuais.
IMAGENS DA VIOLÊNCIA!
Conforme denuncia do Grupo Gay de Alagoas um dos casos que é exemplo da homofobia é o do assassinato de Flávio dos Santos Vilela, 19 em 14 de junho de 2006, no Jacintinho. Os assassinos apedrejaram e esfaquearam a vítima, que teve o corpo arrastado e jogado em uma vala, onde havia lixo e esgoto.(foto)
Em 15 de Julho de 2008 em João Pessoa na Paraiba o advogado Felizardo Toscano Leite Ferreira, 40 anos, que foi encontrado morto em seu apartamento no Edifico Aruanã, no bairro do Bessa era homossexual, segundo informou alguns vizinhos da vitima. Em pouco mais de um mês Felizardo foi o terceiro homossexual morto em circunstâncias parecidas naquele Estado.
Em 3 de abril de 2008 o homossexual de nome Daniel, 35 anos foi morto a golpes de tijolo em um terreno localizado próximo ao Residencial Divaldo Suruagy, no bairro do Farol em Alagoas.
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