Aproveitando o debate político do período eleitoral, não podemos deixar esfriar as discussões a respeito da igualdade de direitos entre os vários núcleos da diversidade sexual. O discurso heteronormativo, se esgota à medida que conceitos inclusivos são aceitos e passam a fazer parte do debate social. São conquistas que corroboram com o novo padrão de cidadania que vai se impondo com mais esse exercício da democracia.
A reeleição de Dilma Rousseff fortalece a cobrança das ações propostas para a defesa de parcelas mais frágeis da sociedade, como negros, mulheres e LGBTs (Lésbicas, Gays, Travestis, Bissexuais e Transexuais).
Já nos primeiros momentos de reeleita, pudemos observar o seu empenho nas mudanças, atendendo as reivindicações das ruas nas manifestações de Junho de 2013. O plebiscito pela reforma política, que põe o povo à frente do processo, e a construção de uma política defensiva e inclusiva a esses grupos continuamente oprimidos.
Na entrevista ao SBT, Dilma reafirmou sua posição de lutar pela criminalização da homofobia, e reforçar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com relação ao casamento igualitário. Discurso que já havia sido feito na campanha e que agora se confirma.
O certo é que este segundo governo da Era Dilma começou muito mais asséptico. Pudemos notar a ausência de elementos politicamente patogênicos como o senador Magno Malta (PR), papagaio de pirata. Malta, que foi uma sombra negra no primeiro mandato de Dilma, mas agora está totalmente alijado do Planalto. Só isso já prenuncia um arejamento nas decisões presidenciais.
Aliás, entre os grandes perdedores desse pleito ele figura como a imagem do fracasso. Suas tentativas todas desembocaram no fosso fétido da demagogia e do oportunismo, e não resultaram em nada. Ao lado do fanatismo fundamentalista de Malafaia e o tal Everaldo, que tentaram se apoiar na maledicência de Feliciano e Bolsonaro. Com o apoio deles, estava aberta a cova do Aécio.
Marina Silva, afinal figurou como um grande equívoco. Sem conseguir ser o cabo eleitoral prometido, demonstrou a sua real fraqueza política, esfacelou a sua Rede e entrou para a história como a campeã das mudanças. Não as mudanças que o eleitor ansiava, mas a falta de uma personalidade forte, uma personagem volúvel e sem ideologia, que se vende a preço baixo. Capaz de tudo pela frustração de ter sido preterida por Lula para substituí-lo.
Em fim! Dilma acena com o diálogo. Consulta as bases populares e democráticas e se faz prenúncio de um novo tempo. Tempos difíceis é certo, mas com o apoio de quem já fez e ainda tem muito fazer. Sua proposta é de paz, como o branco que vestiu junto com Lula no primeiro discurso após a vitória sobre Aécio. A nós, LGBTs, a esperança da inclusão maior, ao lado de uma construção verdadeiramente democrática, com oportunidades iguais e justiça social.
Hoje o Brasil mais maduro é um avião que se posiciona para decolar num aeroporto sem porteiras. Vamos arregaçar as mangas. Temos muito trabalho pela frente.
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas "horas vagas" (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: philpublicitario@gmail.com