Imagem feita pela câmera de segurança de uma boate gay logo após o atentado.
A justiça do estado de São Paulo condenou os jovens Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho, 20, e Rodrigo Alcântara de Leonardo, 24, por ação criminosa por terem jogado uma bomba do alto de um prédio, que feriu cerca de 20 pessoas durante a 13ª Parada do Orgulho LGBT, em 14 de junho do ano passado, no Largo do Arouche. A condenação foi dada na sexta-feira, 17, e divulgada nesta terça-feira, 21.
Segundo as investigações, Rodrigo – com vulgo de Chuck, e Guilherme – com a alcunha de Tumba, fazem parte do grupo de skinheads Impacto Hooligan, que persegue homossexuais e punks. Guilherme foi condenado a 2 anos, 4 meses e 24 dias, e Rodrigo a 2 anos de reclusão. Ambos em regime fechado.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo prendeu os dois em dezembro junto com outros sete integrantes da gangue. Durante o processo, não foi possível juntar provas do envolvimento dos condenados no atentado a bomba, mas há indícios do plano por meio de cartas trocadas entre os dois.Na sentença, o juiz Luiz Raphael Nardy Valdez, da 29ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, diz que considerar as provas concretas é desconsiderar o bom senso. "O que se tem provado nos autos é a associação de parte dos réus e de outros indivíduos em quadrilha para o fim de cometer crimes violentos e de intolerância. A existência da quadrilha autodenominada Impacto Hooligan, assim como sua finalidade ilícita, é fato incontroverso e mais do que provado nos autos. Pensar o contrário é ofender o bom senso", diz a sentença.
Os dois jovens pertencem à classe média alta paulistana. Guilherme, por exemplo, é matriculado no curso de engenharia mecânica da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), uma das universidades mais caras do país. “Os membros do bando, jovens de classe média, oriundos de famílias constituídas e que cursavam boas escolas e faculdades, seguiam orientação neonazista e xenófoba que disseminava o preconceito, o ódio, a intolerância e a violência", diz a sentença.
A sentença destaca ainda os homossexuais como as principais vítimas dos condenados. "O grupo Impacto Hooligan, além de praticar crimes violentos e contra a honra de terceiros, o fazia por motivação odiosa e preconceituosa, elegendo as vítimas entre minorias e homossexuais, apenas e tão somente pelo fato de pertencerem a tais minorias ou exercerem referida orientação sexual”. Os advogados dos condenados vão recorrer da sentença e vão entrar com um pedido para que eles respondam o processo em liberdade.
Ainda sem solução – A polícia de São Paulo, no entanto, ainda não solucionou o caso da morte do cozinheiro Marcelo Campos Barros, (foto)que foi brutalmente espancado no final da 13ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, no dia 14 de junho, e morreu três dias depois. Também não informou se os jovens condenados estavam envolvidos na morte do cozinheiro, que foi agredido nas imediações da Praça da República.
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