sábado, 14 de dezembro de 2013

"ALÉM DA FRONTEIRA" FOCALIZA DILEMA DOS GAYS PALESTINOS

Exibido em diversos festivais internacionais e vencedor do prêmio de melhor filme estrangeiro pelo júri popular do 21º Festival Mix Brasil, o drama israelense "Além da Fronteira", de Michael Mayer, tem o mérito de colocar em primeiro plano o dramático impasse dos homossexuais palestinos, divididos entre os próprios desejos e repressão dos dois lados da fronteira com Israel. O filme estreia em São Paulo.
O jovem palestino Nimr (Nicholas Jacob), estudante de Psicologia, consegue autorização para cursar uma especialização em Tel-Aviv. Sonha sair de seu país, imigrando para os Estados Unidos.
Ninguém em sua família sabe de sua homossexualidade. Só em Tel-Aviv ele se sente à vontade para frequentar bares gays, um território em que tanto palestinos quanto judeus convivem pacificamente.
Espionando esse pequeno círculo, o serviço secreto israelense dedica-se a uma tarefa maquiavélica. Prende os palestinos que vivem ali ou têm permissão para ir a Israel, chantageando-os para espionar ações clandestinas de ativistas de seu próprio país.
Se recusam esse jogo duplo, têm cancelados seus passes e são levados à força para os territórios palestinos. Lá, é comum que sejam executados pelos próprios compatriotas, ou por acreditá-los traidores, ou por serem homossexuais.

Essa vinculação política da história ganha conteúdo mais dramático quando se sabe que o irmão de Nimr, Nabil (Jamil Khoury), aceitou esconder na casa da família diversas armas de movimentos que lutam contra Israel.
Os dilemas de Nimr só aumentam quando ele se apaixona por um advogado judeu, Roy (Michael Aloni). Além disso, torna-se alvo da chantagem dos agentes israelenses.
Com uma história tão forte nas mãos, o diretor e corroteirista Mayer investe tudo no seu lado sentimental, deixando pontas soltas no contexto familiar e político que envolve Nimr. Faria bem ao filme se Mayer tivesse se dedicado mais a explorar os desdobramentos envolvendo a família de Nimr.
Romântico o filme é, certamente, o que explica o envolvimento do público. Um outro desequilíbrio está na atuação de Nicholas Jacob, bem mais hesitante do que seu colega Michael Aloni.

Nenhum comentário:

Postar um comentário