A Câmara dos Comuns aprovou nesta terça-feira, em primeira votação, o projeto de lei que legaliza o casamento dentre pessoas do mesmo sexo. A proposta do governo do primeiro-ministro David Cameron foi aprovada por 400 votos a 175 e vale para a Inglaterra e o País de Gales.
O texto ainda precisa passar por comissões antes de ser analisado pela Câmara dos Lordes. Mesmo assim, a votação já é considerada histórica e sinaliza a possível aprovação definitiva do texto em alguns meses.
O projeto causou polêmica porque rachou o Partido Conservador, do qual Cameron faz parte. O esperado era que até metade dos 303 parlamentares da legenda rejeitassem o projeto com base em questões morais e religiosas.
Segundo o texto, fica legalizado o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a realização de cerimônias religiosas nas confissões que quiserem, com a exceção explícita das igrejas oficiais da Inglaterra e de Gales. O texto também permite às pessoas que mudarem de sexo permanecer casadas.
Essa mudança era uma promessa de campanha dos liberais-democratas, membros minoritários da coalizão de governo, e conta com o apoio da oposição trabalhista e da opinião pública no Reino Unido --que, desde 2005, permite as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo.
Luke MacGregor/Reuters |
DEBATES
Cameron não compareceu ao Parlamento, mas falou sobre o tema em entrevista à BBC quatro horas depois do início do debate.
"Os gays também devem poder se casar. É uma questão de igualdade, mas também é algo que vai tornar a nossa sociedade mais forte", afirmou. "É um grande passo à frente para o nosso país, e eu estou orgulhoso de o nosso governo estar dando este passo."
Na Câmara dos Comuns, vários deputados conservadores evocaram valores tradicionais e protestaram contra a proposta.
Roger Gale acusou o governo de usar uma tática "orwelliana" para alterar o sentido da palavra casamento. No livro "1984", de George Orwell, um regime totalitário manipula o sentido das palavras para induzir a população a apoiar medidas draconianas.
Gale sugeriu, em tom de ironia, que o próximo passo seria a legalização do incesto.
"Se o governo está levando isso a sério, deveria abolir a lei da união civil, abolir o casamento civil e criar uma nova lei válida para todas as pessoas, independentemente da sua sexualidade e do tipo de relação que elas tenham. Irmão com irmão e irmã com irmã, inclusive", afirmou.
Folha de São Paulo
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