O Dia Mundial de Luta contra a Aids marcou o início da semana de prevenção da doença em todo o Brasil e revelou números até então desconhecidos pela maioria das pessoas.
O sul-mato-grossense, por exemplo, ficou sabendo que para cada grupo de 100 mil habitantes no Estado, 208,73 pessoas estão infectadas com o vírus, ou seja, para cada grupo de 500 pessoas, uma está com a doença. O preocupante é que os números oficiais estão muito abaixo da realidade das ruas, o que leva a crer que o número de soropositivos seja infinitamente maior que o divulgado pelas autoridades de saúde.
Ainda mais preocupante é saber que o tratamento para essas pessoas funciona de uma forma no discurso e de outra, muito diferente, na prática, a ponto de faltar até mesmo medicamentos para pacientes soropositivos e, por mais inverossímil que possa parecer, algumas prefeituras não cumprem nem mesmo as ordens judiciais que determinam uma assistência melhor aos portadores do vírus HIV.
No Dia Mundial de Luta contra a Aids, o sul-mato-grossense ficou sabendo, por exemplo, que entre 1984 e 2007 foram confirmados 4.608 casos da doença em Mato Grosso do Sul, com a concentração maior de pacientes ficando na capital, Campo Grande, onde estão 2.715 soropositivos. Os números oficiais colocam Dourados numa situação invejável entre as cidades do mesmo porte, já que desde 1984 foram confirmados exatos 300 casos da doença, mas as estatísticas extra-oficiais revelam que este número possa ser até quatro vezes maior. A mesma situação deve ocorrer em Três Lagoas, onde já foram notificados 251 casos; em Corumbá, com 228 pacientes e em Ponta Porã, na fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, que aparece como a quinta colocada no ranking da Aids em Mato Grosso do Sul com 127 notificações entre 1984 e 2007. No mapa da Aids, o Estado repete o quadro nacional, ou seja, existem dois homens soropositivos para cada mulher doente, fator que exige das autoridades de saúde uma mobilização ainda maior para conscientizar as mulheres sobre o risco de contaminação da doença na relação sexual.
O fato é que a epidemia não pára de crescer em todo o planeta e mata uma pessoa a cada três minutos. Algumas conquistas no combate à doença merecem comemoração, ainda que os cientistas não tenham descoberto a cura para a Aids, porém, a evolução da epidemia entre os jovens e as mulheres é preocupante. Quando a Aids começou a ser diagnosticada, no começo da década de 80, havia um mulher infectada para cada 20 homens e hoje a proporção é de dois por um. Isto aponta que cada vez mais mulheres são vítimas de homens irresponsáveis e promíscuos que levam a doença para o seio da família, infectam as esposas e destroem os lares. Para evitar ainda mais o avanço da Aids só existe um caminho: usar preservativo em todas as relações sexuais, até mesmo naquelas consideradas seguras, ou seja, quando o casal confia plenamente um no outro e acredita que isto seja suficiente para impedir a contaminação pelo vírus HIV. Porém, ainda que seja preocupante o aumento da Aids entre as mulheres, muito mais preocupante é o avanço da doença entre os adolescentes.
Meninos e meninas no início da vida sexual estão contraindo o vírus por pura irresponsabilidade, já que no patamar em que chegou a globalização e diante da avalanche de informação em todos os meios de comunicação, ninguém pode alegar ignorância sobre a forma de transmissão da doença. Outro fator que pesa nessa triste constatação é o envolvimento de menores e jovens na faixa dos 20 aos 25 anos com drogas injetáveis e com os chamados grupos de riscos, geralmente formados por pessoas que têm mais de um parceiro sexual ou que exploram a prostituição como meio de vida. Nesse quadro, a Aids tem castigado com mais freqüência os chamados garotos de programa, jovens que vendem sexo sem qualquer preocupação com a segurança, mas também não perdoa aqueles que iniciam a vida sexual sem prevenção. Diante desta triste realidade fica a certeza que já passou da hora do governo tratar os jovens como potenciais vítimas da Aids, mesmo porque a impulsividade da juventude faz a maioria sentir-se imune ao vírus e acaba criando uma legião de doentes para o próprio governo tratar.
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