sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lula compara luta homossexual a Movimento dos Sem Terra





"Quando coloquei o boné na cabeça, senti o mesmo preconceito como da primeira vez em que coloquei o boné do Movimento Sem Terra. Eu era recém-eleito Presidente da República, apanhei da imprensa por mais de um mês. Eu podia colocar o boné do Banco do Brasil, do Bradesco, da Vale, da Petrobras, do Corinthians, do Flamengo e do Vasco, mas não o do MST? De repente me veio uma luz: `vou colocar todos, porque assim eu vou quebrar os preconceitos.'"
Com estas palavras , o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi ovacionado durante a abertura oficial da I Conferência Nacional GLBT, que aconteceu na noite desta quinta-feira (05/6), no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília. Lula e a primeira-dama Marisa haviam recebido minutos antes dois bonés e uma bandeira do arco-íris entregues por Toni Reis, presidente da ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Durante cerca de seus 23 minutos de fala, o presidente discorreu sobre a criação de um "Dia da Hipocrisia", classificando o preconceito como uma das piores doenças. "Eu sei que isto fere pessoas e deixam outras angustiadas. Quando se trata de preconceito, eu o conheço nas minhas entranhas. Eu sei o que é o preconceito." Na opinião de Lula o pré-julgamento é uma doença que não se combate com apenas com a Lei.Na ocasião, Lula afirmou que receberá os documentos com as reivindicações da Conferência da mesma forma com que recebeu os resultados de outras conferencias. "O tratamento que vocês terão, com o documento que vocês apresentarem, será o tratamento que nós demos às 49 Conferências que nós realizamos." Qualquer situação diferente disso seria uma "uma meia-democracia, daquelas que aparece quando eu quero, quando preciso, mas que não é plena".
Na ocasião, Lula afirmou que receberá os documentos com as reivindicações da Conferência da mesma forma com que recebeu os resultados de outras conferencias. "O tratamento que vocês terão, com o documento que vocês apresentarem, será o tratamento que nós demos às 49 Conferências que nós realizamos." Qualquer situação diferente disso seria uma "uma meia-democracia, daquelas que aparece quando eu quero, quando preciso, mas que não é plena".
Direitos GLBT.
Lula fez referência à fala de Toni Reis sobre "nunca na história deste planeta um presidente ter convocado uma Conferencia como esta". O presidente disse sentir-se honrado e orgulhoso por tal ato. A Conferência foi comparada pelo presidente ao PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - devido ao caráter de ambos serem de "reparação histórica brasileira" com os grupos comumente discriminados.
Lula prometeu que irá, junto com os Ministérios, concentrar esforços para fazer avançar os reconhecimentos de direitos GLBT no Legislativo. "No que depender do apoio do Governo e dos Ministros, nós iremos trabalhar para que o Congresso Nacional aprove o que precisa aprovar nesse país."
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que vai assinar uma portaria autorizando o pagamento de cirurgias de mudança de sexo pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A questão é arduamende defendida pelos GLBT, principalmente os transgêneros. Aportaria ainda não está pronta e nem há previsão de publicação no "Diário Oficial da União", segundo o Ministro.
Ainda durante seu discurso, Lula fez nova referência a ser uma `metamorfose ambulante'. "Na minha vida eu penso que tenho tudo definido. Tem uma coisa que eu era contra, agora sou a favor. Tem uma coisa que eu não concordava, agora concordo."

Lula cometeu duas gafes que causou ojeriza a alguns militantes presentes. Usou os termos "opção sexual" e "homossexualismo", enquanto a militância prega o uso das expressões: "orientação sexual" e "homossexualidade". "Como bem disse o Ministro [José Gomes] Temporão. Ninguém pergunta a opção sexual (sic) de vocês quando vocês vão pagar imposto de renda", falou. Lula foi aplaudidíssimo e aclamado pela multidão, que hora ou outra entoava o coro "O lê, o lê, o lê, o lá, Lula, Lula!". O clima geral era de que o Presidente pode tudo.

Autoridades comentam sobre o caso Lanci.


Durante a abertura da Conferencia Nacional GLBT, nessa quinta-feira (05/06), o Ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, comentou a prisão do sargento gay Laci Marinho de Araujo.
"Em tese pode haver homofobia. O que eu não posso dizer com as informações que existem nesse momento é que está provado que seja.
Pode ter como pode não ter havido.
A minha atitude como autoridade de diretos humanos é não ter um julgamento imediatamente de que 'não, tem cheiro de homofobia', por que as vezes as coisas tem cheiro e não são", afirmou Vannuchi.
A Senadora Fátima Cleide (PT-RO), relatora do PLC 122/06 - que criminaliza a homofobia - afirmou em conversa com reportagem de A Capa que ficou chateada ao receber a notícia da prisão.
Ela declarou ser necessário acompanhar o caso para averiguar se está havendo desrespeito aos Direitos Humanos.
Boa notícia
O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão fez uma revelação recebida com entusiasmo entre as transexuais presentes no evento.
No final do mês, assinará uma portaria estabelecendo as operações de mudança de sexo na saúde pública. "A proposta está praticamente pronta", declarou afirmando que "só faltam alguns detalhes".
Questionado sobre o porquê de tal resolução, Temporão respondeu que "Há uma demanda social nessa questão.
A defesa pelos direitos sexuais e reprodutivos está dentro da nossa agenda há mais de vinte anos".
Em conjuntoA Ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, fez um balanço da Conferência. "É uma demonstração da organização do movimento [GLBT], e de que é possível viver de uma maneira mais solidária, sem preconceito e discriminação."Questionada como o Ministério pode ajudar a impulsionar a aprovação do projeto anti-homofobia, Nilcéa respondeu "Nós temos ajudado trabalhando em conjunto, fazendo articulação junto aos deputados e mostrando que o Governo está unido em torno dessa questão."

Sargento passou noite com marido; OAB diz que prisão de Laci foi irregular


Mais do caso Sargentos: Laci Marinho de Araújo, preso na madrugada de quarta-feira, ganhou permissão do Exército para passar a noite com o companheiro, Fernando Alcântara de Figueiredo.
A OAB-SP entrou no caso e segundo nota publicada pela versão online do jornal O Globo, a prisão de Laci teria acontecido de forma irregular.
A Ordem dos Advogados afirma que o Exército cercou o prédio da Rede Tv! sem ter em mãos o mandado de prisão do sargento.
Representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), que visitaram o militar na tarde de quarta no Hospital do Exército, no Cambuci, alegaram que Laci está psicologicamente abalado, chora muito e alterna momentos de agressividade.A Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e o Condepe devem pedir à Defensoria Pública da União que assuma a defesa do sargento Laci.

Sargento gay é transferido para Brasília


O Exército decidiu transferir nesta quinta-feira (05/06) o sargento gay Laci Marinho de Araújo, preso na madrugada, para um Hospital Geral de Brasília.
O sargento foi detido depois de participar do programa "Super Pop" ao lado de seu companheiro, também sargento do Exército, Fernando de Alcântara de Figueiredo.
Os dois foram para Brasília em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
Laci foi algemado e, segundo Fernando, empurrado para fora do avião quando desembarcaram. O Exército sustenta que Laci cometeu crime de "deserção", enquanto os sargentos alegam perseguição devido à orientação sexual de ambos. Para resolver este impasse, foi instalado hoje pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado um grupo de trabalho para negociar com o Exército e o Ministério da Defesa uma possível solução.
Para auxiliar o grupo e garantir a integridade física e psicológica dos sargentos, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e José Nery (PSOL-PA) estão no hospital, no setor militar urbano, onde se encontra Laci e Fernando.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Começa julgameto de acusados de planejar 11 de setembro


Cinco suspeitos comparecem perante polêmica corte militar em Guantánamo.
Cinco homens acusados de planejarem e ajudarem na execução do plano dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, compareceram, nesta quinta-feira, perante uma corte militar na base de Guantánamo, em Cuba.
Esta será a primeira vez que o grupo será acusado formalmente em um julgamento.
Entre os cinco está o suposto mentor do plano, Khalid Sheikh Mohammed. Segundo o correspondente da BBC para assuntos de segurança, Rob Watson, Mohammed é considerado o mais importante integrante da Al-Qaeda já capturado - ele seria o terceiro no comando da organização.
A promotoria pede a pena de morte para todos os cinco réus.
Um dos poucos homens de origem paquistanesa entre os árabes no comando da organização, Mohammed foi chamado pelos Estados Unidos e "um dos terroristas mais infames da história".
Em 11 de setembro de 2001, 19 homens seqüestraram quatro aviões, três dos quais se chocaram contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington. O quarto avião caiu na Pensilvânia. Cerca de 3 mil pessoas morreram.
Legitimidade
Segundo o correspondente da BBC Jonathan Beale, um dos 60 jornalistas que assistirão ao tribunal, os depoimentos dos réus levanta uma série de questões relativas à legitimidade das comissões militares dos Estados Unidos.
Depois de sua captura, no Paquistão em 2003, Mohammed foi mantido em uma prisão secreta da CIA e a própria organização admitiu ter usado uma polêmica técnica de interrogatório que simula a sensação de afogamento (waterboarding).
De acordo com Rob Watson a CIA admite o uso desta técnica com apenas três prisioneiros e Mohammed é um deles. Promotores militares americanos afirmam que ele e os outros réus teriam confessado seus crimes em interrogatórios mais "benignos".
Há dois anos, Mohammed foi transferido para Guantánamo.
Militares americanos afirmam que, além de admitir o envolvimento nos ataques de 11 de setembro de 2001 em Washington e Nova York, ele também confessou o envolvimento em outras 30 ações terroristas em todo o mundo, incluindo planos de ataques contra o Big Ben e a área de Canary Wharf, em Londres.
Mohammed também teria admitido ser o responsável pela decapitação do jornalista Daniel Pearl, no Paquistão, em 2002.
Outros suspeitos
Os outros suspeitos são Ramzi Binalshibh, saudita, descrito pelos Estados Unidos como o coordenador dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Mustafa Ahmad al-Hawsawi, outro saudita que, segundo serviços secretos americanos, teria sido usado por Mohammed para financiar o seqüestro dos aviões em setembro de 2001.
Ali Ban al-Aziz Ali, também conhecido como Amar al-Balochi, acusado de servir como um importante assessor de Mohammed, que é seu tio, na organização dos planos de ataque.
Walled bin Attach, iemenita que, segundo o Pentágono, admitiu ter planejado o ataque contra o destróier americano USS Cole, no Golfo de Aden, em 2000, que matou 17 marinheiros. Ele também é acusado de envolvimento nos ataques de 11 setembro de 2001.
Ao todo, as acusações incluem "169 atos cometidos pelos réus para promover os eventos de 11 de setembro" de 2001.
Os réus deverão ser julgados em um polêmico tribunal militar sob os termos do Ato das Comissões Militares, criado para julgar suspeitos de terrorismo que não sejam cidadãos americanos e aprovado pelo Congresso americano em 2006.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

POLÍCIA DO EXÉRCITO PRENDE SARGENTO APÓS DAR ENTREVISTA AO SUPER POP DA REDE TV.


SÃO PAULO - A Polícia do Exército (PE) deteve nesta madrugada o sargento Laci Marinho de Araújo, de 36 anos, que declarou à revista Época que - ao lado de outro sargento, Fernando Alcântara de Figueiredo, de 34 anos - formava o primeiro casal assumido de homossexuais na ativa no Exército brasileiro.
A PE alegou crime de deserção, já que Laci não comparecia à unidade onde serve há oito dias. O sargento diz que sofre de esclerose múltipla e alega ser vítima de perseguição.
Após estamparem a capa da revista Época esta semana, os dois deram na noite desta terça-feira uma entrevista ao programa da Rede TV apresentado por Luciana Gimenez.
A Polícia do Exército, minutos antes do fim do programa, por volta das 23h30m, cercou os estúdios da emissora, localizada em Alphaville, na Grande SP.
O casal de homossexuais mantém um relacionamento desde 1997. Durante a entrevista, os sargentos, que vivem em um apartamento do Exército na Asa Norte de Brasília, afirmaram à apresentadora que tinham medo de morrer se fossem presos pela Polícia do Exército. Após o programa, os dois se recusaram a sair da emissora.
Ambos se conheceram no Batalhão da Guarda Presidencial. À revista Época, Laci disse: "Para um gay, as Forças Armadas são um paraíso.”.
Dentro da emissora, Laci Marinho de Araújo solicitou a presença de entidades de direitos humanos. Ele se rendeu por volta das 4h, após oficiais do Exército aparecerem com um mandado de prisão. O sargento foi levado para o Hospital Geral do Exército, no Cambuci, zona sul da capital. O sargento Fernando, parceiro de Laci, não acredita que o companheiro permaneça detido.
- Eu acho muito difícil ele ser preso. Eles podem até tentar, mas não vão conseguir - disse.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Sargentos do Exército assumem homossexualidade em capa de revista


como bem disse a blogueira Lindinalva. "As forças armadas emboiolaram de vez, ficaram com inveja do futebol..." Numa atitude inédita, dois militares da ativa do Exército Brasileiro resolveram se assumir na capa de uma das mais importantes revistas do país, a Época. Não apenas suas orientações sexuais, os dois assumiram também o relacionamento estável que mantém há dez anos.Reportagem de capa, a revista Época desta semana conta a história de Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo, respectivamente os sargentos Alcântara e De Araújo. Ambos se conheceram em Brasília, em dezembro de 1995, no Batallhão da Guarda Presidencial, unidade do exército conhecida por ter uma das rotinas mais severas.Após quase dois anos de amizade, a dupla resolveu sair do alojamento militar para morar juntos numa república e mais tarde dividir o mesmo apartamento. Em entrevista a revista, eles assumiram viver uma relação amorosa desde 1997, quando se mudaram do alojamento do batalhão.Laci, de 36 anos, declarou "Nós somos um casal e mantemos uma relação estável há mais de dez anos. Até no cartão de crédito nós temos o outro como dependente". Fernando, de 34, explica que "é tudo como um casal normal."Na reportagem, o casal revela que o Exército pode ser atraente para os homossexuais. Laci comenta por exemplo que "para um gay as Forças Armadas são um paraíso". "Existe coisa melhor para um homossexual do que tomar banho com um monte de homem pelado e sarado?", questiona. Fernando complementa "Há muito mais homossexual no Exército do que se imagina. O problema é que muitos são enrustidos. Eu mesmo já fui assediado várias vezes, até por um general."Em vídeo, que pode ser conferido no final desta matéria, Laci revela ainda que "existe sim uma quantidade muito grande de homossexuais 'incubados'. E a mensagem que eu tenho pra dizer a população brasileira é que se é pecado ser gay no exército brasileiro então eles podem fechar as portas porque praticamente todos estarão condenados."De Araújo, ou Laci, além da carreira militar também brilha nos palcos. É vocalista da banda Terceira Visão e se apresenta como cover de Cássia Eller. Nas apresentações assume a identidade de "Eron Anderson". Seu marido, Fernando, é uma "espécie de empresário" de sua carreira artística.A dupla protagoniza um entrave controverso com o Exército, que inclui processos judiciais. Em 2007, Laci passou seis meses fora do trabalho alegando problemas de saúde. A justiça militar mandou prendê-lo. Hoje, ele é considerado desertor. Ao final do processo, poderá ser expulso. O casal alega que está na mira do exército por denúncias de corrupção no hospital militar e que o fato de serem gays teria contruibudo para que fossem desacreditados.

SYANG STILLER NATAL - RN

VEJA A NOSSA ESTRELA EM AÇÃO NA TV ONIX

NATAL - RN


A FACE DA ESTRELA!


Integrantes do grupo neo-nazista "Carecas do ABC" são presos




Após dois anos de investigação a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) prendeu nesta manhã de segunda-feira (02/06) seis integrantes do grupo "Carecas do ABC".
O motivo da detenção seria uma agressão ocorrida em 2006, onde o alvo do grupo fora um homem de 22 anos e três adolescentes. Segundo a delegada Margarete Barreto, titular da DECRADI, o motivo desse crime não foi intolerância, mas deserção.
Os agressores serão acusados de tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima), lesão corporal dolosa e formação de quadrilha.
O crime ocorreu na Rua da Consolação, na altura do número 2.706, durante a madrugada.
As vítimas reconheram os suspeitos.
Segundo divulgou a DECRADI, cerca de 15 a 20 pessoas participaram da agressão.
Além dos seis que foram presos hoje, mais dois acusados que tem a prisão preventiva decretada estão foragidos e são apontados com líderes dos "Carecas do ABC”.
Entre os detidos, quatro são da "Devastação Punk".
Ainda segundo a delegada Margarete, o motivo que culminou a agressão foi à saída do homem de 22 anos, que fazia parte do grupo "Devastação Punk", para outro grupo de intolerância conhecido como "Front 88", porém entre os lemas da Devastação, um deles é "difícil de entrar, impossível de sair", ou seja, não admitem desertores. Os acusados têm idade variada de 23 a 38 anos, classes sociais distintas e todos trabalham.
Ambos os grupos envolvidos na ação atuam na região da Bela Vista, Av. Paulista e Grande ABC. A DECRADI chegou até os grupos investigando, durante dois anos, sites de intolerância e com a ajuda de denúncias anônimas. Segundo a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, existe hoje em São Paulo cerca de 20 grupos neo-nazis, divididos entre a capital e Grande SP. Todos praticam crimes de intolerância aos homossexuais, nordestinos, estrangeiros, judeus e negros.
Só temos que parabenizar o DECRADI.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Morre aos 71 o estilista Yves Saint Laurent


Morre aos 71 o estilista Yves Saint Laurent
Por Christian Balmer PARIS (Reuters) - Morreu aos 71 anos o estilista francês Yves Saint Laurent, ícone cultural do século 20 que revolucionou a maneira como as mulheres se vestem.
Por Christian Balmer

PARIS (Reuters) - Morreu aos 71 anos o estilista francês Yves Saint Laurent, ícone cultural do século 20 que revolucionou a maneira como as mulheres se vestem.
As criações do reservado Saint Laurent ganharam status de arte. Junto com Christian Dior e Coco Chanel, ele fez parte da elite de estilistas que fez de Paris a capital mundial da moda.
Seu companheiro de longa data, Pierre Berge, disse à rádio RTL que o estilista havia sido diagnosticado com tumor cerebral no ano passado e morreu no domingo em Paris.
Da princesa Grace, de Mônaco, a atriz Catherine Deneuve, as criações de Saint Laurent vestiram diversas mulheres famosas, mas ele também foi o primeiro estilista a tornar as marcas de luxo mais acessíveis ao grande público.

Ele adquiriu fama aos 21 anos de idade e construiu um império de roupas, perfumes e acessórios. Sua empresa foi a primeira do ramo da moda a se lançar no mercado de ações em 1989.
Mas Saint Laurent também sofria de depressão profunda e passou por tratamento contra o alcoolismo. Ele também tornou-se ainda mais recluso no final de sua vida.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, lamentou a morte do estilista com um comunicado. "Ele estava certo de que a beleza era um luxo que todo homem e mulher precisam", disse.
Berge disse à rádio France Info: "Chanel deu liberdade às mulheres. Yves Saint Laurent lhes deu poder".
"(Mas) ele era alguém muito tímido e introvertido, alguém que tinha poucos amigos e se escondia do mundo."
Uma missa em memória do estilista será realizada na sexta-feira na igreja Saint Roch em Paris, templo tradicional de artistas e músicos.
Saint-Laurent, que se aposentou em 2002, é considerado o responsável por uma mudança eterna nas vestimentas femininas, introduzindo as calças compridas para o dia e o smoking como opção mais elegante.
Ele também popularizou as jaquetas de safári e as botas de cano alto. Suas blusas transparentes tornaram a semi-nudez aceitável na alta sociedade. Além disso, simplificou os trajes de gala e fez de seus ternos de ombro quadrado um clássico.
Yves Saint Laurent começou sua carreira trabalhando para Christian Dior, de quem virou assistente-chefe. Com a morte de Dior, em 1957, ele se tornou o estilista-chefe da marca e rapidamente ofuscou seu mentor.
(Reportagem adicional de Astrid Wendlant e Gwenaelle Barzic)

O UNIVERSO DOS CINEMÕES.


Inseridos no universo gay desde muito tempo, os chamados cinemões são muito mais do que lugares onde as pessoas fazem sexo, eles são também a casa de alguns e o local de trabalho de outros. Para quem freqüenta as salas, existe uma relação social que vai além do simples ato sexual.
Os cinemas pornôs formam um universo particular escondido pela escuridão das salas de projeção e criminalizado por seu conteúdo ousado.
Quem acha que eles estão restritos ao mundo GLBT engana-se, são também tema de trabalhos acadêmicos que pretendem investigar seu funcionamento sob o ponto de vista sociológico e antropológico.
O mestrando em Semiótica da PUC de São Paulo Givago Oliveira decidiu transformar essa vivência em ciência. Em uma pesquisa que já dura três anos, ele percorreu 26 cinemas de São Paulo para produzir o documentário “T’amo no Saci”, atualmente em fase de pré-produção.
O vídeo vai contar a formação, auge e decadência econômica dessas salas em meados da década de 80 até os dias de hoje, onde elas tomam o papel de locais de transgressão social.
O nome faz alusão a um dos mais famosos cinemões paulistanos, o Saci (em funcionamento há 18 anos), e sugere diferentes interpretações: pode-se ler “tamo (estamos) no Saci” ou “te amo no Saci”.
Confira a entrevista e, literalmente, veja de forma diferente os cinemões.
Como surgiu a idéia de falar sobre um assunto como esse? Quantos cinemas você visitou? Em quanto tempo?
Eu sou um freqüentador das salas. E com o tempo comecei a deixar de ser um mero espectador e perceber que ali tinha uma construção de relações de poder e uma organização social muito interessante, então decidi interpretar todos aqueles signos. A pesquisa já dura três anos. Foram catalogados 26 cinemas, hoje apenas 12 estão em atividade.
Qual o objetivo dele?
É provar duas teses ainda inéditas: que dentro dessas salas nomenclaturas como hétero, homo ou bissexualidade não são mais do que rótulos psicanalíticos para minimizar a psique humana, afinal, a interação que há dentro das salas foge às explicações formais da psicanálise e dos psicologismos. E que o politicamente correto vem criando uma malha fina para que grandes atitudes preconceituosas sejam tomadas de forma velada, criando assim uma difícil contra resposta da comunidade que se encontra na situação preterida.
Quais foram os fatos mais interessantes que você descobriu nesse tour?
São inúmeros acontecimentos. Os cinemas servem de hotel, moradia e, principalmente, como um ambiente de transgressão social e de valores. Eu sempre quis entrevistar um freqüentador obeso (1,79m e 165Kg) de 34 anos que encontrei em diferentes salas, mas ele não deixava com que eu me aproxima-se. Ele se posicionava, sempre agachado ou nas esquinas das fileiras, sentado em poltronas, sempre utilizando o escuro do cinema como escudo. Uma vez consegui, fora das dependências das salas, bater um papo com ele. Enfático, ele me disse: “Onde mais posso fazer sexo? De que outra forma? Olha pra mim, minha aparência é repugnante para a maioria das pessoas. E principalmente para homens gays. No escuro, aqueles héteros nem querem saber que está chupando, em que buraco estão enfiando. Sinto-me útil fazendo isso e também dou uma relaxada. Foi assim que eu aprendi. Num clube noturno não rola. Eu já tentei!”. Existe também a organização de limpeza entre as travestis em uma das salas, rola todo um mapeamento de limpeza de onde elas fazem programa, que são ambientes diferentes dos quais o restante do público pode desenvolver suas relações sexuais.
Depois de todo esse trabalho de apuração, o quê você acha que as pessoas buscam no cinemão?
Cada indivíduo procura as salas por um motivo particular. Garotos de programa e travestis tem ali a fonte de seu sustento. Outros vão para ver o filme e não interagem com a sala. Existem alguns freqüentadores que se denominaram viciados. Existem pessoas que vão por carência, por não conseguirem ter sucesso com os códigos formais dos bares e casas noturnas ou chats de internet. Muitos vão para ter uma relação rápida e pronto, ficam anos sem voltar.
Conheci um senhor de 68 anos que vai ao cinema pra conversar. Algumas vezes ele adentra a platéia e tem alguma relação, mas todos os dias ele vai e fica no hall do cinema conversando com outros homens sobre tudo: política, futebol, religião, comportamento. Ele freqüenta as salas há 10 anos, desde que ficou viúvo.
Qual foi o personagem mais curioso que você encontrou?
Um dos personagens que mais me chama atenção é o Moacyr Oliveira, de 41 anos. Funcionário, ele atua nos serviços gerais de uma das salas. Ele era morador de rua e ia pro cinema dormir quando chovia. Se ofereceu para ajudar os funcionários, pegou amizade e começou a trabalhar lá. Ele mora atrás da tela de cinema, com mais dois funcionários. Eles têm uma vida regrada quanto ao horário (não têm relações sexuais na platéia, só no banheiro) e são super solícitos com o público. Se alguém perde uma carteira ou celular, eles sempre estão prontos para ajudar. Moacyr também é muito moral, não concorda com a atuação dos michês, segundo ele, isso vulgariza o local.
Quais são, ou foram, os melhores/principais cinemões do centro São Paulo?
Primeiro é difícil dizer o que é um cinemão bom. Vamos à explicação do porquê do termo cinemão: ainda na década de 60, a Igreja promovia um discurso contra os filmes politicamente incorretos, que mostrassem nu, adultério ou qualquer atitude contra as normas da sociedade cristã. Então eram enviados padres às salas de cinema, que colocavam a mão em frente da luz de projeção para censurar essas cenas. Daí cine-mão foram chamado os cinemas que exibiam filmes em que os padres colocariam a mão em todo o tempo de projeção. O primeiro cinema de São Paulo a exibir um filme desse gênero foi o cine Tabaris, na Rua Formosa, que ficava perto do Clube da Pelota, atendendo assim a população masculina das mediações. Hoje, os mais freqüentados são: Cine Dom José (público mais velho), Cine Arte Palácio (travestis e interessados), Cine Saci (trabalhadores da classe C se relacionando com homossexuais das classes A e B) e Cine República (gay).
Existe algum tipo de normas nos cinemões? Algum código de boa conduta?
Há uma gama de normas de conduta, uma espécie de cartilha de ética. Na verdade, em qualquer ambiente em que se promova a relação sexual entre os transeuntes é comprovado isso. Seja em saunas, casas de massagem, casas de swing e etc. Um dos exemplos clássicos dos cinemões é que os ativos sempre ficam sentados e os passivos caminham oferecendo sexo oral de poltrona em poltrona.
Por que ir? Qual é a graça? Por que não fazer pegação em algum outro lugar, tipo banheiro, ou caçar na internet?
Em primeiro lugar vem a idéia de implícito. A partir do momento em que você adentra a sala, passando a cortina que divide o hall de entrada para a platéia, existe uma sensação de “transição”, seja pela luminosidade (muito baixa) ou pelo cheiro (uma mistura de cigarro, detergente e esperma). Ao mesmo tempo em que tudo inspira marginalidade e transgressão, as imagens, em sua grande maioria heterossexual, excitam o heterossexual, o deixando vulnerável aos favores sexuais dos homossexuais, gerando assim uma teia de relações sexuais e de poder. Outro fator importante a ser considerado é que essas salas estão localizadas na região central de São Paulo (esse fenômeno é observado em outras grandes cidades como Nova York, Paris e Londres).
É uma região de grande fluxo onde não há a identificação dos clientes das salas. Qual a importância dos cinemões para a cultura gay?
Ainda é difícil classificar. A cultura gay é burguesa, elitista e a partir da década de 90 tornou-se conservadora. As salas não são bem vistas, mas muito freqüentadas. A transgressão existe. Afinal, é um ponto de encontro, gera força de trabalho informal e a relação sexual entre héteros e homossexuais. Mas fora das dependências das salas isso é anulado, colocando assim em xeque alguma importância para a chamada cultura gay, que parte mais para o consumo e uma aceitação popular.