sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

CADÊ O BEIJO GAY EM 'AMOR À VIDA'? O ESTILISTA CARLOS TUFVESSON TORCE PARA QUE NIKO E FÉLIX SE BEIJEM HOJE ÀS CLARAS PARA OS TELESPECTADORES

O estilista Carlos Tufvesson, homossexual e casado, militante de direitos civis e humanos, dá sua opinião sobre o triângulo gay formado por Félix, Niko e Eron na novela 'Amor à Vida', de Walcyr Carrasco, que termina hoje, sexta 31. O estilista condena o preconceito que ainda existe na sociedade e que é espelhado na teledramaturgia. "Traumas" da vida real, diz Tufvesson, "transformam carneirinhos do bem em Félix".

Por Carlos Tufvesson
Gilberto Braga e Ricardo Linhares em “Insensato Coração” mostraram muito bem a cara pavorosa da homofobia e da importância da denúncia e de exercer seus direitos civis.
Walcyr Carrasco introduziu a "bicha má" e levou aos telespectadores o dia a dia de um casal do mesmo sexo que tem os mesmos desejos, problemas, alegrias, tristezas e amor que qualquer outro casal que divide a vida a dois. E que, como muitos, quer até constituir família.
Daí veio a discussão da inseminação, para gerar esse filho ou a adoção e a luta pela guarda, mostrando como o não reconhecimento de nossos direitos civis na integralidade pode ter conseqüências graves na vida de um cidadão.
Apesar disso, esse casal não se beija. E o beijo é o símbolo do afeto. É estranha essa celeuma em algo tão bonito e tão natural entre pessoas que se amam. Um falso moralismo seletivo que, por ironia, não atinge cenas de explicita nudez ou de violência!
Mas sim a manifestação do amor!
Eis o grande paradoxo de Amor à Vida.
Como um casal que se ama a ponto de constituir família não se beija? Ou, se o faz, seria às escondidas?
E aí vem a grande ironia:
Niko, por ser construído como um personagem bem família, que se apaixona, é do bem e quer ser respeitado pelo caminho de vida que está construindo, terminou por cativar e trazer ao grande público um entendimento sobre o amor, igual ao de qualquer outro, em um casal do mesmo sexo, até então nunca visto na teledramaturgia. Niko tem dois valores muito esquecidos em nosso país: ética e caráter.
Como já foi noticiado que a cena do beijo foi gravada, 'Amor à Vida' hoje tem a chance e até o dever de atender a esse público que torce pelo amor dos dois. Dele e de Félix.
O país, após decisão do STF, começou a ver com outros olhos o amor em casais do mesmo sexo. Não pode a teledramaturgia brasileira ficar em descompasso desse momento.
É a primeira novela em que um casal “mocinho” protagonista e hétero é desbancado por um casal do mesmo sexo, numa prova interessantíssima de que nós, brasileiros, somos sim pela emoção e pelo amor.
O que estimula o preconceito é a distorção e o maniqueísmo, as vezes criminoso, que traz infelicidade à vida de tantas pessoas, à toa.
Traumas que transformam carneirinhos em Félix.
VIVA O AMOR!
VIVA A VIDA!
Fonte:Época


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