A 18ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo foi realizada no último domingo (04), mas ainda está dando o que falar. Em manifesto divulgado em seu site e nas redes sociais, a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (Apoglbt-SP), que organiza o evento, acusou a Prefeitura paulistana de boicotar o evento. Contatado pelo iGay, o governo municipal rebateu as acusações.
No texto, a associação reclama de não ter a sua opinião ouvida. “A Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Políticas LGBT, não possibilitou aos membros da diretoria da Apoglbt o contato com os fornecedores de contratos. Apesar dos vários pedidos de reunião com os responsáveis para discutir dados técnicos dos eventos, não fomos atendidos”, afirma o manifesto.
Além da suposta exclusão das reuniões, que segundo nota seria “uma tentativa clara de se apoderar do que é do povo”, o manifesto também faz críticas em relação encerramento da Feira LGBT, evento que precede a Parada Gay e que este ano foi realizado no dia 1º maio.
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Melchior |
Segundo a Apoglbt, a feira LGBT teria sido encerrada uma hora antes do previsto. Da mesma forma, a Parada Gay teria tido a sua passagem acelerada. A associação ainda apontou um comportamento desnecessariamente agressivo dos seguranças contratados pela Prefeitura.
Coordenador Geral de Politicas LGBT do Município de São Paulo, Alessandro Melchior negou as acusações da Apoglbt, afirmando que “o manifesto é composto apenas de inverdades”. Ele disse ainda que a Prefeitura possui atas de reuniões e troca de e-mails que compravam que não houve boicote.
“A Prefeitura financia dois terços do evento, fazemos reuniões para organização de infraestrutura e segurança, coordenados por órgãos internos que nem sempre contam com a presença da associação em suas reuniões. Porém, eles participaram de diversas reuniões e as demandas foram repassadas”, argumenta Melchior.
O coordenador diz ainda os horários dos eventos foram cumpridos. “A feira LGBT e do show de encerramento [da Parada Gay] terminaram no horário previsto. A Parada começou com uma hora de atraso, a preocupação era que a Av. Paulista estivesse livre para transito às 18h, como programado pelo Ministério Público”, justifica o coordenador.
Em relação às agressões dos seguranças, Melchior questiona fato de elas não terem sido denunciadas às autoridades policiais. “Se ocorreram, elas deveriam ter sido notificadas e um boletim de ocorrência deveria ter sido lavrado, algo que não aconteceu. O que presenciei foi um diretor da Parada bastante exaltado, gritando e humilhando o segurança”, aponta o coordenador, sem indicar o nome do tal dirigente da associação.
Melchior também respondeu à acusação de que a Prefeitura não respeitou o acordo feito previamente em relação às áreas reservadas e camarotes. Para o dirigente, foi Apoglbt que não cumpriu o combinado e usou os espaços de maneira inadequada.
“A associação forçou a entrada de parentes, amigos, namorados e quando já havia mais de 500 pessoas na área reservada do palco, a Guarda Civil, a Polícia Militar e o próprio produtor do evento contratado pela associação não permitiram mais a entrada de pessoas ou o retorno de quem saísse, fossem eles da associação ou da Prefeitura,” apontou Melchior.
Na visão do coordenador, o principal problema Apoglbt é o seu conselho gestor. “ Empresas e veículos dedicados ao público LGBT deixaram de participar do evento por discordarem da gestão. O próprio Conselho Municipal LGBT discorda de como o evento tem acontecido”, denuncia Melchior.
“A Parada é um movimento social importante e deve ser mais representativo para todos, não apenas para aquele primeiro grupo que organiza. É preciso convocar uma planária, boa, grande, com movimento social, pessoas de diversos grupos para repensar a Parada, tanto no formado quanto no financiamento”, finaliza Melchior.
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Quaresma |
Depois da publicação desta reportagem, o presidente Apoglbt Fernando Quaresma procurou o iGay para informar que tentou um contato prévio com a Prefeitura antes de divulgar o manifesto, mas que não obteve retorno das autoridades municipais.
Segundo Quaresma, esta não foi a primeira vez que governos e empresas tentaram assumir o evento. “Na verdade não é uma questão nova, já aconteceu outras vezes. As pessoas acham que a Parada é um evento rentável, já tentaram até colocar abadá. Mas não é assim, a Prefeitura sede a infraestrutura, mas lucra com o turismo e movimentação da economia, além de ser uma plataforma política.”
Sobre as críticas de Melchior de que a associação não é aberta críticas, Quaresma diz: “A associação da Parada está sempre aberta, mas são poucos que querem 'carregar o piano'. O pessoal se aproxima na época do evento, um, dois meses antes, e depois desaparece. As pessoas que estão aqui são as de desde o começo, que continuam tocando a diante”, conclui o presidente Apoglbt.
Lembramos que segundo a Policia Militar de São Paulo, a Parada desde ano contou com apenas 100 mil pessoas, numero questionado pelos organizadores e que mostram uma redução drástica no público desta que já foi a maior Parada Gay do Mundo.
Com informações:IG