Um estudo realizado na França revela que 14 adultos infectados pelo HIV parecem estar "funcionalmente curados" da aids, ou seja, ainda carregam pequenos reservatórios do vírus, mas não apresentam sintomas, apesar da interrupção do tratamento. Os investigadores acreditam que a chave para alcançar este resultado notável pode ser o início mais cedo possível do tratamento após a infecção.
O autor Asier Sáez-Cirión e seus colegas do Institut Pasteur, na França, relataram os resultados na revista científica PLoS Pathogens. No Brasil, a notícia já foi divulgada pela agência de notícias AFP, pelo site de notícias da Globo, o G1, e pelo portal Isaude.net.
A equipe começou a monitorar os 14 adultos quando eles recebiam medicamentos antirretrovirais, dentro de 10 semanas após a infecção pelo HIV. Os pacientes interromperam o tratamento, em média, cerca de três anos mais tarde (as drogas foram retirados sob supervisão médica).
Até agora, afirmam os pesquisadores, os pacientes têm sido capazes de manter a carga viral sob controle por uma média de 7,5 anos, sem tratamento medicamentoso adicional.
Uma das razões para o HIV ser tão difícil de lidar é que depois de uma infecção aguda, o vírus estabelece reservatórios em células hospedeiras que permitem esconder e voltar. Mesmo após anos de tratamento, uma vez que as drogas são retiradas, a maioria dos pacientes tem retorno da infecção.
No entanto, há uma pequena minoria de doentes infectados com HIV (menos de 1%), nos quais o vírus praticamente desaparece, sem a ajuda de tratamento. Conhecidos como "controladores de HIV", estes pacientes espontaneamente reduzem consideravelmente sua carga viral e mantém o controle do vírus a longo prazo, para níveis praticamente indetectáveis.
Assim, os pesquisadores se perguntaram se é possível transferir os mecanismos dos ` controladores de HIV` para outros pacientes. Contudo, o que o trabalho revela é que parece haver um outro grupo de pessoas, que os pesquisadores chamam de "controladores de elite", ou "controladores pós-tratamento", geneticamente distintos de controladores de HIV, cujos corpos ainda têm níveis detectáveis de HIV após anos de infecção, mas, quando o tratamento é retirado, estes níveis permanecem sob controle e não causam sintomas.
Desse modo, enquanto os ` controladores de elite` não são curados da mesma forma que os ` controladores de HIV` , eles são "funcionalmente curados" na medida em que ainda carregam uma quantidade quase imperceptível de HIV, mas não tanto quanto a quantidade que causa a doença.
Os pesquisadores sugerem que o início da terapia antirretroviral durante a fase primária da infecção pode ser a chave para essa cura funcional, pois parece reduzir os reservatórios virais, preservar as respostas imunes dos pacientes e protegê-los da ativação imune crônica.
Alguns dos 14 pacientes não apenas mantiveram suas cargas virais sob controle, mas também conseguiram reduzi-las.
Outro estudo recente mostrou a primeira vez que um bebê HIV positivo tratado logo após o nascimento foi funcionalmente curado. No momento da comunicação dos resultados, o bebê tinha 2,5 anos de idade e não mostrou nenhum sinal de vírus ativo.
Fonte:AGENAIDS
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