O governo federal montará uma força-tarefa e abrirá inquérito para investigar a rede de tráfico que alicia adolescentes nas regiões Norte e Nordeste para serem transformados em travestis e transexuais e se prostituírem em São Paulo e na Europa, comodenunciou reportagem de CLEIDE CARVALHO, adaptado por Hernanny Queiroz para o Gay1 SP no domingo. A decisão foi tomada nesta segunda-feira pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e pela secretária Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que nesta quarta-feira se reunirão em Brasília com representantes de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público de São Paulo e Ministério Público Federal.
- Esses jovens são transformados em sua sexualidade de forma violenta. É uma situação abominável que precisa ser investigada - disse Maria do Rosário.
Segundo a secretária, as primeiras informações sobre a transformação de garotos em transexuais surgiram na CPI sobre exploração sexual de crianças e adolescentes, encerrada em 2003.
- Naquela época, não conseguimos casos concretos de transformação. Nunca tivemos informações tão detalhadas de nenhuma autoridade. Por isso, estamos diante de uma nova situação - disse ela.
Maria do Rosário disse que a participação do Ministério Público de São Paulo na força-tarefa é essencial.
- O crime é federal, ocorre entre estados e há indícios de que seja internacional. Por isso, a investigação deve ser conduzida por órgãos federais - disse Maria do Rosário, que conversou nesta segunda-feira com o promotor da Infância e Juventude do MP de São Paulo, Thales Cézar de Oliveira.
Segundo o promotor, a rede é formada por pelo menos dez pessoas. Na sua avaliação, um esquema de transformação, tal como o relatado pelo Gay1 SP, não seria operado por pequenos grupos.
- Não se trata de um crime isolado. A rede é formada por uma cadeia de pessoas interligadas que começa com aliciadores nas cidades de origem, por receptores, pelos responsáveis pela transformação dos garotos, pela manutenção de casas para abrigá-los, por cafetinas. São redes muito bem estruturadas - disse Oliveira.
O aliciamento de pessoas para atuar como travestis e transexuais em São Paulo não é novidade para as autoridades paulistas. Em outubro passado, uma vítima do esquema denunciou a transexual Scarlet, de 26 anos, que foi indiciada por tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, após policiais terem liberado uma vítima, que disse estar sendo mantida em cárcere privado. No imóvel moravam travestis e transexuais vindos de Ceará, Mato Grosso, Amazonas, Sergipe e Minas Gerais.
Na ocasião, a vítima contou ter sido recrutada pela internet em Manaus, onde morava, e que teve sua passagem aérea para São Paulo paga. O valor do bilhete, de R$ 600, transformou-se em uma dívida de R$ 1.200. O agenciador, cujo nome não foi revelado pelos envolvidos, ameaçava matá-la caso deixasse a casa e não realizasse os programas para pagar a dívida.
Para o promotor, é preciso criar um programa social de apoio para que jovens resgatados da prostituição possam recomeçar a vida.
Polícia investigará origem de e-mail com ameaça
A Secretaria Nacional de Direitos Humanos disse que vai requisitar ao Gay1 SP informações e cópia do e-mail com ameaça à autora da reportagem sobre a rede de tráfico e pedofilia. O e-mail, cujo remetente é nos@vamosmatarsuafamilia.com, chegou ao e-mail corporativo da jornalista no domingo. Um boletim de ocorrência foi registrado no 27 Distrito Policial. O governo de São Paulo também investiga a ameaça à jornalista.
G1
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