sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

GAROTA É AGREDIDA APÓS BEIJAR AMIGA NA REGIÃO DA AVENIDA PAULISTA

Mais uma agressão por intolerância foi registrada na madrugada de terça-feira na região da Avenida Paulista. Uma lésbica foi empurrada e levou socos no rosto por causa de um beijo. É o quarto ataque ocorrido na região da avenida desde 14 de novembro.


A analista de comércio exterior L.D.B., de 25 anos, estava com dois amigos, à 1 hora, em uma lanchonete na altura do número 900 da Rua Augusta quando viu uma garota que já conhecia. “Ela atravessou a rua para falar comigo e a gente se beijou”, relata. Um grupo com cerca de oito pessoas desceu a rua. “Eram duas meninas que podiam ser facilmente confundidas com homossexuais. O grupo todo parecia no mínimo gay friendly”, conta L. “Mas as meninas começaram a dizer: ‘Que nojo! Tenho nojo de lésbica!’, e se afastaram.”

L. continuou na lanchonete. O grupo voltou, parou a meio quarteirão e as jovens começaram a provocar. “Não sei que tipo de gente é essa. Tem de morrer. Tem de criar vergonha na cara”, diziam, segundo a vítima, que foi tirar satisfação.

“Quando perguntei qual era o problema, uma delas me empurrou e a outra me segurou. Aí elas me deram socos. Estou com um ferimento na testa do lado direito, meu olho esquerdo está roxo e minha boca também está machucada”, disse L.

Até a noite de ontem, a vítima não havia registrado queixa. “Todas as pessoas que sofrem agressão devem procurar a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), que tenta identificar esses agressores”, explica Adriana Galvão, presidente do comitê sobre a diversidade sexual e combate à homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), regional São Paulo.

De acordo com o coordenador-geral LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Igo Martini, agressão de mulheres contra mulheres é raro. “Valeria a pena ser analisado”, diz. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura o Disque Direitos Humanos que, entre outras funções, atenderá homossexuais. O objetivo é traçar o perfil de vítimas e agressores, além de mapear onde os casos acontecem. “Além de reforçar as políticas nacionais LGBT, pretendemos usar os números para sensibilizar o Congresso na aprovação do projeto de lei que criminaliza agressões homofóbicas.”
A Tarde

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