De acordo com uma pesquisa feita pela Fiocruz, o Brasil tem cerca de 20% dos diagnósticos de Aids feitos só depois que o paciente morre. "Sem o diagnóstico, essas pessoas deixam de receber o tratamento que poderia fazer com que vivessem mais", diz a pesquisadora Monica Malta, da Fiocruz, que analisou 386.209 casos registrados no país entre 1998 e 2008. No total, 141.004 pessoas morreram em decorrência da doença.
Apresentado na 18ª Conferência Internacional de Aids, em julho, o estudo é o primeiro com informações nacionais, com base em quatro bancos de dados do governo.
De acordo com Monica Malta, foram analisados todos os casos confirmados da doença, e não aqueles em que havia apenas infecção pelo HIV, ou seja, a pessoa tem o vírus, mas ainda não desenvolveu a Aids.
"Se a pessoa morreu sem saber que tinha HIV, pode ter tido comportamento de risco sem saber que poderia estar transmitindo a doença", afirmou.
Fato que podia ter acontecido com o educador social baiano Fabio Correia, de 44 anos, que quase morreu sem saber que tinha a doença. Fabio sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) decorrente da Aids e passou semanas hospitalizado. "Não tinha me passado pela cabeça que eu poderia ter Aids. Nunca havia cogitado fazer o exame de HIV", disse à Folha.
Sem divulgar o número, o Ministério da Saúde afirma que uma parcela só descobre a doença quando já está perto da morte, sem tempo para fazer os exames, geralmente os mais pobres e os usuários de drogas injetáveis.
De acordo com as orientações médicas, os exames são importantes para a definição do medicamento e para o monitoramento de sua eficácia. É recomendável que se faça o exame três vezes ao ano.
ACapa.
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